A Democracia afoga-nos, subverte-nos, arruina-nos, envenena-nos. Diante dela, a sociedade portuguesa está tolhida, vencida, sucumbida e morta — para toda a energia sã, para toda a acção salvadora. A República? Não. Não é bem a República que nos mata: é a Democracia. A Monarquia? Não será a Monarquia que nos salvará, se vier aliada à Democracia. Porque a Democracia é a antecâmara da Anarquia. A Democracia é a legalização da Desordem, é a organização do Tumulto. A Democracia é a lógica às avessas; é o regime da Multidão, do ninguém se entende, do tudo doido. A Democracia é contra a Pátria, depois de ser contra a Família (...). A Democracia é o caos. A sociedade portuguesa sofre do uso e do abuso da Democracia. Deixaram-se corromper por ela todas as classes, todos os partidos, todas as categorias. A onda democrática bate o seu pleno — desde as mais altas esferas intelectuais até às mais baixas camadas populares. Por isso, a sociedade portuguesa se encontra na fase mais crítica da sua existência, fugindo do poço da lama para que a Democracia a arrasta para ir cair no lago de sangue para que a Democracia a atrai.Todos os aspectos singularmente doentios que a sociedade portuguesa apresenta ao observador, têm uma origem: a corrupção democrática, a tendência democrática, o preconceito democrático, a sugestão democrática. As castas aristocráticas finam-se por esterilidade. As massas democráticas diluem-se em grosseria e sangue. A Democracia é a mistura, a mestiçagem, a confusão, o tumulto.
Alfredo Pimenta
terça-feira, 27 de novembro de 2018
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5 comentários:
É fato!!!
A democracia é o nivelar por baixo, é quando uma massa desentendida tem mais peso que os que entendem. É quando uma meia duzia de diferenciados são aquilatados como iguais aos néscios! É quando o buraco de fezes reivindica o direito reprodutório!
E se eisso acontece, humanos democraticamente são aquilatados a fezes naturalmente!
E assim despenca a humanidade!
...democraticamente, todos iguais perante o "criador"!
nem mais...
Excelente e oportuna reprodução das palavras de Pimenta. E quão verdadeiras e justas elas são. E promonitórias(?) também. Faz bem à alma ler um testemunhos inteligentes, sensatos e brilhantes como este. Admiração causa ainda, mais que não fôra, pelo tempo que dista entre aquele em estas foram escritas e aquele em que nos encontramos. E a verdade é que tudo quanto ele preconizou tem vindo a bater certo.
Muitos parabéns, Thor.
Maria
obrigado, Maria. já agora, não leve a mal que lhe corriga um erro de pequena monta. escreve-se premonitórias.
mas tem perdão até porque a Maria pôs um ponto de interrogação à frente da palavra indicando dúvida sobre a forma como ela se escrevia :))
Exactamente Thor e eu sabia, tanto assim é que cheguei a trocar uma vogal pela outra por duas ou três vezes antes de completar a frase... Eu já tinha escrito esta palavra várias vezes em alguns comentários e sempre correctamente, tratou-se de confusão e/ou esquecimento.
No meu novo Dicionário de Português esta palavra simplesmente não existe. Incrível. E já dei por falta de outras. O meu excelente antigo Dicionário de certeza que a inclui, mas deixei de o consultar por estar muito velhinho, além de estar numa Estante longe da sala onde escrevo e dá trabalho ir buscá-lo... Mas olhe que vou arranjar paciência de o fazer só para confirmar:)
O mais curioso é que ambos foram editados por aquela que já foi a prestigiada Porto Editora, com a diferença de que o meu antigo Dicionário foi editado durante o Estado Novo e este novo foi adquirido em 1992 (não tem data, mas deve ter sido editado por essa altura) por um meu familiar e é neste espaço temporal que está toda a diferença: no antigo detecta-se o extremo rigor na sua elaboração, no recente a falta dele.
Estranhamente os Dicionários, todos os Dicionários mesmo os de línguas estrangeiras e isto desde sempre (com talvez a excepção dos muito antigos), não registam o ano em que são editados e deviam porque é importante mais que não seja para se ter uma noção sobre a evolução do português...
e nos recentes até para destruir a língua de cada vez que alguns pseudo-linguístas resolvem inventar um novo acordo ortográfico a mando sabe-se lá de quem (ou se calhar até se sabe), como aconteceu com o criminoso AO90. Já estou como o Pessoa que não respeitou o AO de 1911, eu também não respeito este.
Maria
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