sábado, 12 de julho de 2014
sobre a autonomia individual democrática
"Para obter um simulacro de existência, a Democracia recorre à Eleição. Sabe-se bem o que é a Eleição. Nem vale a pena salientar os tumultos, os escândalos, as mistificações que nunca deixam de caracterizar a comédia eleitoral. Adiante, aludiremos ainda a um dos seus aspectos dominantes: a feira dos sufrágios.
Mas admitamos que se realize a Eleição com honestidade e verdade. No fim, é a maioria que manda.
E basta uma diferença de um voto (que pode ser o de um malfeitor, o de um incapaz, ou o de um vendido) para que um sector prevaleça sobre o sector oposto. Portanto, se sessenta indivíduos têm uma opinião e sessenta indivíduos mais um têm a opinião contrária, são estes que vencem - e aqueles vêem-se esbulhados de tal soberania que, em princípio, fingiram dar-lhes.
A Democracia mostra assim merecer a justa definição de tirania em nome do algarismo, que lhe aplicou Alexandre Herculano.
Não são as vontades individuais que lhe importam — embora o proclame; é apenas a soma dessas vontades. Ora, tão sagrada é a vontade de uma pessoa, como a vontade de dez pessoas, como a vontade de cem. Com que direito escravizar as duas primeiras à última?!
Logo, a Democracia, prometendo ao indivíduo uma soberania que só lhe reconhecerá, se ele se encontrar dentro da maioria e que lhe retirará, se ele se encontrar dentro da minoria — é uma mentira."
João Ameal
basicamente a democracia promete ao indíviduo que este vai decidir e escolher isto e aquilo, quando na realidade muitas vezes (já para não dizer sempre) não escolhe nem decide nada.
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